sexta-feira, novembro 23, 2007

Para o céu ...Mais uma Estrela...Maurice Béjart


El coreógrafo de todos y para todos....
Dançar quer dizer, sobretudo comunicar, unir-se, encontrar-se, falar com o próximo no profundo do seu ser.A Dança é união, de pessoa com pessoa, de pessoa com o universo, de pessoa com Deus.
(Maurice Béjart)
Maurice Béjart, nome artístico de Maurice-Jean Berger, (Marselha, 1 de Janeiro de 1927Lausanne, 22 de Novembro de 2007) foi um dançarino e coreógrafo francês.

A Serra do Rola-Moça não tinha esse nome não...



A serra do rola-moça
Mário de Andrade

A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
o noivo com a noiva dele
cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
e se puserem de novo
pelos atalhos da serra
cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A Serra do Rola-Moça
não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
rapidamente fugiam
e apressadas se escondiam
lá embaixo nos socavões...
Temendo a noite que vinha.
Porém os dois continuavam
cada qual no seu cavalo,
e riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
com as risadas dos cascalhos,
que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.
Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
no vão do despenhadeiro
o noivo se despenhou.
E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.

Ismália



Ismália
Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...



Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921. Bacharelou-se em Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”. Em 1895 tornou-se promotor de Justiça em Conceição do Serro (MG) e, a partir de 1906, Juiz em Mariana (MG), de onde pouco sairia. Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, (1892/1894), foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Vimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas.Publicado no livro Pastoral aos crentes do amor e da morte: este poema, integrante da série "As Canções", foi incluído no livro “Os cem melhores poemas brasileiros do século”, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, pág. 45, uma seleção de Ítalo Moriconi