A história de amor entre Abelardo e Heloísa foi uma história dramática.
A paixão que sentiam um pelo outro era enorme e no século XII uma paixão para um homem da Igreja não era permitido, era visto como uma tentação e um desvio à fé cristã.
O romance entre Heloísa e Abelardo iniciou-se em Paris, Abelardo tinha 37 anos e Heloísa tinha 17 anos, quando se conheceram.
Heloísa assim como o seu tio Fulberto, já tinham ouvido falar bastante de Abelardo e das suas teorias.
Abelardo, ao ver a jovem Heloísa, ficou encantado com a sua beleza, e tentou aproximar-se dela, pedindo ao seu tio Fulberto que o alojasse em sua casa, pois ficaria mais perto da sua escola, e não teria as preocupações de cuidar de uma casa, ficando com mais tempo para se dedicar aos seus estudos.
O tio de Heloísa viu nesta oferta uma oportunidade para a sua sobrinha evoluir nos seus estudos. Assim, Abelardo tornou-se professor de Heloísa.
Todas as horas vagas que Abelardo tinha dedicava-as a ensinar Heloísa, inicialmente na presença do tio Fulberto. Algum tempo depois, Fulberto, confiando em Abelardo, deixava-os sozinhos.
Como Abelardo ensinava na escola durante o dia, dava aulas a Heloísa durante a noite, enquanto o seu tio Fulberto e todos dormiam.
Em pouco tempo, cresceu entre ambos um grande amor, deixaram de se preocupar com os livros e o estudo, fascinados um pelo outro, viviam esta paixão de forma intensa, trocando beijos, carícias, palavras doces e promessas.
Tanto Abelardo como Heloísa, eram dois intelectuais, e ao viverem este amor, sabiam os perigos que corriam perante a sociedade.
Numa noite, o tio Fulberto descobriu o amor escondido entre Abelardo e Heloísa. Furioso, expulsou Abelardo de sua casa.
O amor entre Abelardo e Heloísa não diminuiu, começaram a encontrar-se nos locais que Heloísa podia frequentar sem acompanhantes; em sacristias, confessionários, catedrais.
Heloísa engravidou, e para evitar um escândalo, Abelardo levou-a às escondidas da casa do tio Fulberto, para a sua aldeia em Palais, onde ficou aos cuidados da sua irmã, até dar à luz um menino, que Heloísa deu o nome de Astrolábio.
Abelardo voltou para Paris, para continuar a ensinar, mas não conseguia estar longe de Heloísa, como tal, foi pedir ao tio Fulberto permissão para casar com Heloísa.
Fulberto, embora magoado, consentiu o casamento. Heloísa deixou o seu filho com a irmã de Abelardo e dirigiu-se a Paris.
O casamento realizou-se durante a noite, às pressas e às escondidas, numa pequena ala da Catedral de Notre-Dame, sem trocarem alianças, nem um beijo, de modo a que ninguém desconfiasse.
Só estavam presentes os familiares de Heloísa e alguns amigos de Abelardo.
Pouco tempo depois, o casamento tinha sido descoberto e Fulberto envergonhado, resolveu vingar-se de Abelardo. Contratou uns homens para invadirem os aposentos de Abelardo durante a noite e castraram-no. Assim aconteceu.
Abelardo na sua angústia e vergonha, obrigou Heloísa a ingressar no mosteiro de Santa Maria de Argenteuil. Heloísa tinha vinte anos. Na sua dor, Heloísa fez os votos monásticos e ingressou na vida religiosa, por amor a Abelardo.
Abelardo retirou-se para o mosteiro de Saint-Denis.
Durante muitos anos Abelardo e Heloísa não se viram, apenas trocavam cartas um com o outro.
Nestas cartas Heloísa expressava toda a sua dor, pela triste sorte do seu amor, e toda a sua rebeldia, por ter ingressado na vida religiosa e ter vestido o hábito.
Heloísa e Abelardo nunca deixaram de se amar. Mas Abelardo perdeu a sua sensibilidade no amor, depois de ter sido castrado.
Anos mais tarde Abelardo construiu uma escola-mosteiro ao lado da escola que ele tinha dado a Heloísa. Viam-se diariamente, mas não se falavam, apenas trocavam cartas. Pois mesmo passados tantos anos, uma aproximação entre Abelardo e Heloísa era vista como uma tentação carnal, pois foram vítimas desta malvadez por inimigos de Abelardo.
Abelardo morreu em 1142, com 63 anos de idade. Heloísa mandou construir uma sepultura em sua homenagem.
Em 1162 morre Heloísa e a seu pedido, foi sepultada ao lado de Abelardo.
Em 1817 os restos mortais dos dois amantes foram levados para o cemitério do Padre Lachaise.
Heloísa para Abelardo
Peter Abelardo (1079-1142), um dos mais brilhantes e controvertidos filósofos do século 12 , encontrou em Heloísa (Heloise), em 1116, sua semelhança intelectual. Eles logo se apaixonaram profundamente, mas quando o tio dela descobriu o namoro, Heloísa e Abelardo foram violentamente forçados a se separar.Desesperados fugiram : Heloísa para um convento, Abelardo para um mosteiro. No entanto, o amor continuou nas belas cartas que escreveram um para o outro. No seguinte extrato de uma daquelas cartas Heloísa relata seu medo de sobreviver mais tempo do que o homem que ama.
Data desconhecida
Fomos grandemente surpreendidos quando ao invés de nos trazer o bálsamo curativo do conforto você aumentou nossa desolação e fez as lágrimas rolarem, as quais você deveria ter secado. Qual de nós poderia permanecer com os olhos secos ao ouvir as palavras que você escreveu no final da sua carta: "Mas se o Senhor deve entregar-me nas mãos de meus inimigos para que eles me dominem e me matem....?" Meu queridíssimo como poderia você conceber tal pensamento? Como poderia você dar voz a ele? Nunca possa Deus ser tão esquecido de sua humilde serva como para deixá-la sobreviver mais tempo que você, nunca possa ele dar-nos uma vida que seria mais dura de suportar do que qualquer forma de morte.O caminho correto seria para você realizar nossos rituais de funeral, para você encomendar nossas almas a Deus e enviar na sua frente aqueles que você convocou a serviço de Deus - para que você não seja mais incomodado com preocupações a nosso respeito e siga vivendo feliz porque se livrou da preocupação a respeito de nossa salvação.Poupe-nos, eu imploro a você, mestre, poupe-nos de palavras que possam somente intensificar nossa infeliz existência, não nos negue antes da morte a única coisa pela qual nós vivemos. Cada dia tem suficiente dificuldade própria e o dia coberto de amarguras trará com ele angústia suficiente para tudo que ocorreu. Por que é necessário, diz Seneca, chamar o mal e destruir a vida antes que a morte venha?Você nos pergunta, meu amor, sobre sua oportunidade de morrer na nossa ausência para ter seu corpo trazido ao nosso cemitério, tal que você possa ceifar uma completa colheita das lágrimas que oferecerei em constante memória sua. Mas como poderia você supor que nossa memória de você poderia alguma vez se desvanecer? Além disso que tempo haverá então que será apropriado para oração quando extrema aflição não nós permitirá paz, quando a alma perderá seu poder de razão e a língua seu poder de discurso? Ou quando a mente desvariada, longe de ser resignada, pode mesmo (se eu puder deste modo) enfurecer-se contra o próprio Deus e provocá-lo com queixas ao invés de aplacá-lo com orações?Em nossa miséria então nós teremos tempo somente para lágrimas e não força para rezar, nós teremos pressa para seguir e não para enterrá-lo, para que possamos compartilhar do mesmo túmulo ao invés de colocá-lo nele. Se nós perdermos nossa vida em você, nós não seremos capazes de prosseguir vivendo quando você nos deixar.Eu nem nos faria viver para ver este dia, pois se a mera menção de sua morte é morte para nós, que seria a realidade se a sua morte nos encontrasse ainda vivos? Permita Deus que nós nunca possamos viver para executar este dever, para fazer o serviço, o qual nós esperamos somente de você; neste caminho nós vamos antes, não depois de você!
Nenhum comentário:
Postar um comentário