terça-feira, janeiro 31, 2006
O Adeus de Yves Saint Laurent
Leia a íntegra do discurso em que o maior estilista vivo se despede do mundo da moda.
Dia 7 de janeiro de 2002, Yves Saint Laurent anunciou em Paris o seu afastamento da moda. A imprensa mundial foi convidada a comparecer à maison do estilista, no número 5 da avenida Marceau, onde Saint Laurent, com 65 anos, leu o texto abaixo:
Senhoras e Senhores,
Convidei vocês para virem hoje a esta casa a fim de lhes dar uma notícia importante, que diz respeito à minha vida pessoal e ao meu trabalho.
Eu tive a oportunidade de me tornar aos 18 anos assistente de Christian Dior, de sucedê-lo aos 21 anos e de encontrar o sucesso desde a minha primeira coleção, em 1958. Em poucos dias, serão já 44 anos desde que tudo isso começou.
Depois, eu vivi para o meu trabalho e em nome de meu trabalho.
Eu quero homenagear aqueles que me influenciaram, que me guiaram na minha atividade e me serviram de referência.
Antes de todos, Christian Dior, o meu mestre e o primeiro que me levou a descobrir os segredos e os mistérios da alta costura. Balenciaga, Schiaparelli. Chanel, claro, que me deu tantas coisas e, como se sabe, liberou as mulheres. O que me permitiu, anos mais tarde, dar a elas o poder e, de uma certa maneira, liberar a moda.
Ao abrir, em 1966, pela primeira vez no mundo, uma butique de prêt-à-porter com a marca de um grande costureiro, criando sem me referir à alta costura, tenho consciência de haver feito progredir a moda de meu tempo e de haver permitido às mulheres acederem a um universo até então reservado.
Como Chanel, sempre aceitei a cópia e me orgulho muito que as mulheres de todo o mundo vistam tailleurs-pantalons, smokings, cabans e trench-coats. Digo a mim mesmo que criei o guarda-roupa da mulher contemporânea, que participei da transformação de minha época. Eu o fiz com roupas, o que é certamente menos importante do que a música, a arquitetura, a pintura e várias outras artes, mas, seja como for, eu o fiz.
Creio que serei perdoado por contar vantagens, mas, desde há muito tempo, eu acreditei que a moda não era apenas para embelezar as mulheres, mas também para lhes dar confiança, certeza, permitir que elas se assumissem.
Sempre fui contra os fantasmas de alguns que satisfazem seu ego através da moda. Ao contrário, eu quis me colocar a serviço das mulheres. Quer dizer, servi-las. Servir seus corpos, seus gestos, suas atitudes, sua vida. Quis acompanhá-las no grande movimento de liberação que conheceu o último século.
Tive a oportunidade de criar em 1962 minha própria maison de costura. Já faz 40 anos.
Eu quero agradecer àqueles que, desde o início, tiveram confiança em mim.
Michel de Brunhof, que me conduziu até Christian Dior. Mack Robinson, que acreditou no meu destino e permitiu que eu abrisse minha maison. Richard Salomon, a quem eu devo tanto.
Como poderia esquecer os jornalistas, como John Fairchild, Carmel Snow, Diana Vreeland, Nancy White, Eugenia Sheppard, Edmonde Charles-Roux, Françoise Giroud?
Mais próximo de mim, quero agradecer a Pierre Bergé, claro, mas será que vale a pena insistir nisso? Anne-Marie Munoz, Loulou de La Falaise. É impossível para mim citar todos os Premiers e Premières de ateliê que me acompanharam desde o início. Contudo, o que eu teria feito sem eles, sem o seu grande talento, que eu gostaria de saudar? Todos os operários e operárias, cujo devotamento admirável me ajudaram tanto e aos quais quero exprimir minha profunda gratidão, como também ao conjunto dos funcionários da minha maison.
Quero agradecer às mulheres que vestiram minhas roupas, as célebres e as desconhecidas, que me foram fiéis e me deram tanta alegria.
Tenho consciência de ter feito, durante longos anos, o meu trabalho com rigor e exigência. Sem concessões. Sempre coloquei acima de tudo o respeito por esse trabalho, que não é de fato uma arte, mas que precisa de um artista para existir.
Penso que eu não traí o adolescente que mostrou os primeiros croquis a Christian Dior com uma fé e uma convicção inquebrantáveis. Essa fé e essa convicção nunca me abandonaram.
Todo homem, para viver, precisa de fantasmas estéticos. Eu os segui, procurei, persegui. Passei por muitas angústias, às vezes por infernos. Conheci o medo e a solidão terrível, os falsos amigos que são os tranquilizantes e os estimulantes. A prisão da depressão e das casas de saúde. De tudo isso, um dia eu saí maravilhado, mas desiludido. Marcel Proust me ensinou que "a magnífica e lamentável família dos nervosos é o sal da terra". Sem sabê-lo, eu fiz parte dessa família. É a minha. Eu não escolhi essa linha fatal, contudo é graças a ela que eu me elevei ao céu da criação, que eu me aproximei dos fabricantes do fogo, dos quais fala Rimbaud, que eu me achei, que eu compreendi que o encontro mais importante da minha vida deveria ser comigo mesmo.
Apesar de tudo, eu escolhi dizer adeus, hoje, a esse trabalho que eu tanto amei.
O próximo desfile, para o qual eu convido os senhores, em 22 de janeiro, no Centro Georges Pompidou, será em grande parte uma retrospectiva de minha obra.
Muitos de vocês já conhecem os modelos que desfilarão. Eu tenho a ingenuidade de acreditar que eles podem desafiar os ataques do tempo e assegurar seu lugar no mundo de hoje. Eles já provaram isso. Outros modelos desta saison os acompanharão.
Quero agradecer igualmente ao sr. François Pinault e manifestar a ele a minha gratidão por permitir que eu colocasse harmoniosamente um ponto final a esta maravilhosa aventura e por ter acreditado, como eu, que a alta costura desta maison deveria se interromper com minha partida.
Enfim, quero agradecer a vocês, que estão aqui, e àqueles que não estão, por terem sido fiéis aos encontros que tivemos ao longo de tantos anos. Por terem me apoiado, compreendido, amado.
Eu não os esquecerei.
Yves Saint Laurent - Tradução de Alcino Leite Neto.
Yves Henri Donat Mathieu Saint Laurent
Se, de Nova York a Paris e de Sidney a Pequim, mais de dois milhões de visitantes admiraram suas criações no museu, seu estilo é expresso em primeiro lugar através da cor, da vida, do movimento e da história das mulheres, que ele acompanha com amor desde 1958, data de sua primeira coleção na Christian Dior, que o tornou célebre no mundo inteiro. Nascido em Oran, na Argélia, em 1956, ele tem apenas vinte e um anos quando o chamam de Christian II. Ele funda sua maison de costura em 1962 com Pierre Bergé, e lança em 1966 sua linha de prêt-à-porter "Rive Gauche", permitindo a milhares de mulheres conjugar elegância e conforto. Assim, a saharienne (1967) ou o terninho (1968) vão se tornar clássicos do guarda-roupa contemporâneo.
"Uma mulher feliz é uma mulher de saia preta, com um pulôver preto, meias pretas, uma jóia de fantasia e um homem que a ame ao lado".
Para se impor como o maior costureiro de sua época, esse esteta soube, mais do que ninguém, transcrever seus sonhos inspirados pelos pintores:
Andy Warhol, Mondrian e Tom Wesselrnan nos anos 60, Picasso nos anos 70, Van Gogh e Bonnard nos anos 80. Suas criações causaram escândalo, sejam as primeiras blusas transparentes (1968), ou o perfume Opium, lançado em 1977. Mas a sua força está também em encarnar ao mesmo tempo o classicismo absoluto, tendo como embaixatriz Catherine Deneuve. Herdeiro de Chanel e Balenciaga, ele se mantém fiel a essas linhas que não possuem qualquer detalhe em excesso:
"a elegância é urna maneira de se mover".
Grande colecionador, apaixonado por ópera, Yves Saint-Laurent é um dos últimos grandes estetas deste final de século. De Cyrano de Bergerac a A Águia de duas Cabeças, ele criou inúmeros figurinos para o teatro, sua primeira paixão. Sua arte é depurada e, de um sopro de musselina, ele recria sonhos dignos de um Botticelli, para dizer melhor:
"O mais belo ornamento de um homem ou uma mulher é o amor".
Primeiro costureiro a vestir as mulheres com transparências, Yves Saint Laurent também foi o primeiro a entrar, ainda em vida, para o museu. Foi em 1983, no Metropolitan Museum de Nova York. Seu nome é uma lenda. Sua griffe, um império. Seus desfiles, rituais.
Quarenta anos depois de sua coleção Trapézio, que lhe valeu o apelido de "o mais novo nome da alta costura", Yves Saint Laurent permanece um enigma, um anarquista bilionário capaz de declarar:
"Só lamento uma coisa, não ter inventado o jeans."
Primeiro costureiro a lançar um blusão negro (em 1960, na Maison Dior), e substituir os escarpãs por botas longas, ele é também um dos últimos a se submeter, com uma grande humildade, à obrigação que se impôs desde os anos de aprendizagem na Maison Dior...
"Todos os meus vestidos nascem de um gesto. Um vestido que não reflete ou não faz pensar em um gesto não é bom. Uma vez encontrado esse gesto, pode-se escolher a cor, a forma definitiva..."
YSL foi o primeiro costureiro a constituir sua própria coleção particular. Outro paradoxo, para aquele cujas roupas são feitas em primeiro lugar para as mulheres, e as que as vestirão: "Com Yves Saint Laurent a gente sente que existe um desenho por trás da roupa. Existe a mão, o olho, o espírito, esse gosto que encontramos nas operárias que conhecem o nosso corpo. O vestido existe porque elas observaram você, e elas sabem...", observa uma cliente.
Ex-primeira costureira do ateliê, Madame Renée desvenda, sem revelar, o mistério dos drapeados de Saint Laurent:
"A gente tenta captar o movimento de um sari, preservar o lado flexível do esboço. Quando eu experimento os modelos nas manequins, faço com que se movimentem pelo ateliê. É importante que elas se sintam ao mesmo tempo seguras e leves. O Sr. Saint Laurent detesta entraves. Ele tem horror à idéia de que uma mulher seja bloqueada ao caminhar."
Os escândalos YSL
Em 1966, sua see-through blouse provocou o maior escândalo nos Estados Unidos. Dois anos mais tarde, uma cliente que chegava a um restaurante em Nova York numa túnica-pantalona de jersey é proibida de entrar. Ela reaparece só de túnica (que virou um mini-vestido), e é aceita...
"Eu quero encontrar para as mulheres o equivalente do terno masculino", explicava ele em 1967, liberando a moda de suas histórias de comprimentos e cores, para fazê-la alcançar a época. Seu grande escândalo terá sido o de exaltar o corpo, de substituir a palavra elegância por sedução, acendendo o fogo do desejo, nos locais em que só cabiam conveniência e respeitabilidade.
A andrógina de Tom Ford não poderia ter nascido sem a amazona de YSL, declarando em 1966 o ano da coleção de prêt-à-porter Rive Gauche:
"A beleza? Nenhum interesse. O que conta é a sedução, o choque. O que se sente. É o puramente subjetivo. Pessoalmente, sou mais sensível ao gesto do que ao olhar, à silhueta ou a qualquer outra coisa..."
Foi ele quem quebrou as regras do jogo, falando de cores mais do que de "coloridos", esbanjando seus vermelhos, seus azuis e seus verdes, fazendo a costura oscilar no universo oriental dos bazares, dos souks temperados de visões. Desconhecidas, suas seis coleções na Maison Dior, entre 1958 e 1960, revelam em filigrana as obsessões de um jovem costureiro preocupado em dar continuidade à obra de seu mestre, e atraído pela época que se abre para ele, década de todas as liberações, segundo seu amigo Andy Warhol.
O vestido trapézio de 1958, que rompia com o modelo da mulher apertada, espremida do pós-guerra, anuncia a transição que será seguida por muitos outros: o caban (1962), o smoking (1966), a saharienne e os ternos masculinos (1967), o jumpsuit (macacão, 1968), e os vestidos transparentes (1969). Ela marca o fim dos diktats, cujas linhas sazonais da alta costura eram a tônica. Inspirada nos mercados das pulgas 2, a coleção de 1940 (1971), marcará a intrusão da "rua" na moda, fazendo de cada costureiro um antiquário em potencial
"O preto é meu refúgio, diz YSL, o preto é um risco numa página em branco".
Do preto, ele fez uma cor, um camaleão capaz de atravessar o dia e a noite, de romper a primavera e o inverno com a mesma força. Desse preto reservado às "cerimônias", ele fez um clássico cotidiano. Mas ele é também o costureiro da luz, aquele de quem os tons rosa - Toureiro, Magenta, Amor, Aurora - vibram e cintilam sobre a pele nua, fazendo de suas mulheres umas heroínas. Ao negro que simplifica, condensa, purifica opõem-se com ele, cor de todas as cores, esses vestidos de mil e uma noites, pousados como ornamentos sobre ídolos com corpo de ébano.
O costureiro camaleão
Aos vinte e um anos, ele parecia ter ficado velho. "Sua juventude foi completamente quebrada em 1958", diz sua mãe, Lucienne Mathieu Saint Laurent. Escondido por trás dos óculos, ele se revela nos anos 70, sob o porte de um adolescente, no papel de manequim para a coleção Rive Gauche para homem, chegando até a posar nu para as lentes de Jean-Loup Sieff, no lançamento de seu perfume. Uma estréia. Dândi em dufffle-coat à moda de Cocteau, Gatsby em terno branco, Swann em smoking, ele confunde, colorindo os cabelos, engorda, emagrece.
Primeiro a fazer da moda um espetáculo (coleção Ópera Balés Russos, 1976), ele foi o primeiro a prezar a solidão como um ídolo, a se deixar envelhecer, até mesmo para se proteger dos outros e dele mesmo. "Estou cada vez mais só. Não posso sair. Tenho medo do mundo exterior, da rua, da multidão. Só fico bem em casa, com meu cachorro, meus lápis e meus papéis..." afirma hoje YSL. Em sua solidão ele vê, critica a rua parisiense, prefere a ela "a energia de Nova York: essa maneira de misturar o esporte e a cidade, de não se desmoronar por trás de sua parka..."
As vertigens da arte
Em 1959, na Maison Dior, YSL celebra em suas coleções pintores como Goya, cujas "infantes", de rosto envolto em tule "ponto de espírito", são as heroínas. A coleção Mondrian e seus vestidos como "móbiles no espaço" (1965) será o prelúdio de uma nova aventura que faz de YSL o "Beatle da rua Spontini", criador da coleção Pop Art, inspirado por Andy Warhol e Tom Wesselman. Nos anos 70, as referências à arte, que serviam para inseri-lo na vida, o consumo dos tempos modernos torna-se um refúgio, uma espécie de ideal, território sagrado de todas as alquimias, ali onde a dor se torna beleza.
Yves Saint Laurent torna-se uma imagem, uma espécie de ícone, rodeado por uma muralha de ouro e silêncio. Da coleção Ópera Balés Russos à coleção "Picasso", a vertigem não cessará de aumentar, ali onde a moda, campo do efêmero, do transitório, roça a História, e suas obras-primas. Apresentados num clima dominado pela especulação do mercado de arte, as Iris e os Girassóis inspirados em Van Gogh, esses ternos cujos bordados farão deles os mais do mundo, mostram ainda a dupla tentação de YSL: acompanhar seu tempo, e ao mesmo tempo suspendê-lo. Ser o único capaz de ousar dizer, a propósito da mulher contemporânea:
"Eu inventei seu passado, ofereci-lhe seu futuro e isso durará até bem depois de minha morte."
A elegância segundo YSL: simplicidade e originalidade.
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Sem Segredos.
Acima Do Sol
Skank
Assim ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim , eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis
Tão fácil perceber
Que a sorte escolheu você
E você cego nem nota
Quando tudo ainda é nada
Quando o dia é madrugada
Você gastou sua cota
Eu não posso te ajudar
Esse caminho não há outro
Que por você faça
Eu queria insistir
Mas o caminho só existe
Quando você passa
Quando muito ainda pouco
Você quer infantil e louco
Um sol acima do sol
Mas quando sempre é sempre nunca
Quando ao lado ainda e muito mais longe
Que qualquer lugar
Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim , eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis
Se a sorte lhe sorriu
Porque não sorrir de volta
Você nunca olha a sua volta
Não quero estar sendo mal
Moralista ou banal
Aqui está o que me afligia
Um dia ela já vai
Achar o cara que lhe queira
Como você não quis fazer
Sim , eu sei que ela só vai
Achar alguém pra vida inteira
Como você não quis.
"Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade."
(Pearl S. Buck)
segunda-feira, janeiro 23, 2006
À você...
Fênix
Flavio Venturine e Jorge Vercilo
Eu,prisioneiro meu
descobri no breu
uma constelação
Céus,conheci os céus
pelos olhos seus
Véu de contemplação
Deus,condenado eu fui
a forjar o amor
no aço do rancor e a transpor as leis
mesquinhas dos mortais
Vou,entre a redenção e o esplendor
de por você viver
Sim,quis sair de mim esquecer quem sou
e respirar por ti e assim transpor as leis mesquinhas dos mortais
Agoniza virgem Fênix (O amor)
entre cinzas, arco-íris e esplendor
por viver às juras de satisfazer o ego mortal
Coisa pequenina,centelha divina,renasceu das cinzas
Onde foi ruína pássaro ferido hoje é paraíso
Luz da minha vida,pedra de alquimia
Tudo o que eu queria
Renascer das cinzas
Quando o frio vem nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascera luz da escuridão
e a dor revela a mais esplêndida emoção
O amor
Quando o frio vem nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascera luz da escuridão
e a dor revela a mais esplêndida emoção o Amor.
Ser Especial é poder viver uma paixão assim, a DANÇA
Com o " Flamenco " descobri que havia algo maior dentro de mim, descobri que esse algo é infinito, um grito, posso entrar no âmago do meu ser, e buscar, procurar, e procurar... A dança flamenca é assim, tem uma coisa, esse ser impensável, o incomensurável, e é isso que venho tentando agregar a minha vida e a minha forma de dançar.
Primeiro o sentimento , depois o movimento. Para guardar eternamente em minha alma esses momentos tão especiais. Ser especial é ter um sonho que se realiza no meio de muitas tormentas.Ter um encontro com a vida, quando ela está por deixar-te, ter um momento de luz no meio da escuridão, ter humildade para voltar no caminho, ter sabedoria para escolher a melhor hora para seguir. Ser especial, só especial...Ser o encontro da eternidade com seu tempo,Ter o encontro das almas, ter a essência jorrando em raios por todos os poros, ser o encontro das águas turvas,com toda a beleza do mar azul, ser o poder das forças que une os corpos. Ver que posso seguir o caminho do meio, o caminho que me leva ao encontro do equilíbrio,o caminho que me deixa em paz com os meus , o caminho que me faz voltar para dentro, como se buscasse a luz, que tantas vezes me deixou na escuridão.Poder sentir o amor nas veias que pulsam, sempre chamando e dizendo: OLÉ!!!
É a vida que me chama sempre, aproveitar esse momento e refletir.
Descobri na dança Flamenca uma grande paixão, porque dançando posso voar , me desintoxicar, os movimentos criam uma cartela de cores infinitas, das padrões até as conceituais, é como se minha alma saísse com meu suor, com aquele frio na barriga, o tremor que invade meu corpo inteiro quando ouço os primeiros acordes da música. Sou outra pessoa no palco, por causa da dança, dessa força que invade minha alma, sinto que posso colocar naquele momento todos meus sentimentos mais secretos, clarear minha vida e suavizar minha dor. Isso vale a pena, porque é para minha alma, faço isso por meus sonhos, para encontrar e encantar minha vida. "Realmente não quero ser como todo mundo, porque não me dou bem com o mecanismo do igual .Muita gente parece que se da bem dançando com Cara de Parede, ou seja plasticamente, considero isso uma trapaça , executar um baile sem alma, sem nenhum sentimento, apenas técnica, movimentos mecanicamente marcados e falsos, que não tocam ninguém, infelizmente muitos utilizam dessa matemática corporal cansativa, sem alma , sem expressão, apenas executam movimentos como se fosse um trabalho frio de digitação, isso , me desculpe não é FLAMENCO."
O verdadeiro Flamenco permite tanto !!!!!!
Claro que precisamos de muita técnica e dedicação, isso é real, porém o mais apaixonante desta arte está no espirito, na liberdade de expressão , não precisamos ser iguais aos outros, cada um tem um braço, uma mão, um respiro, e quem sente a música nos nervos deve abusar dessa magia, permitir essa sensação absoluta do Nirvana, derramar lágrimas no caminho, muitas vezes caminhar sozinho, ter luz, sentir a calma ,não deixar a angústia nos derrubar, ter forças para lutar. Ser especial, ser você. Pura, com sabedoria nas palavras que dançam, força nos braços,lágrimas sem dor, é saber sorrir na tristeza quando ela angustia. É saber caminhar sozinha,sem muletas .É saber ouvir o silêncio e bailar esse silêncio, saber calar e encantar a multidão.Refletir sempre...Sentir infinitamente...Viver eternamente...E sonhar...
Quando danço quero lembrar de mim mesma, isso me permite viver, perceber que não estou matando meus sentimentos, nem tentando me acabar em técnicas plásticas. Não tenho nada a temer, é um risco que quero correr. Se uma hora qualquer essa minha dança, esse meu sentimento não servir para mais ninguém, dane-se, porque a única certeza que tenho é que essa emoção, essa paixão, vai continuar servindo para mim , enquanto eu viver, porque quero envelhecer batendo meus pés em um tablado, mesmo que fora do compasso. Porque o que vai me valer nesse momento é o compasso que sai de minha alma, e isso nunca ninguém vai poder me roubar, porque está dentro de mim , o Flamenco é um órgão de meu corpo, tão importante que quando eu me for meu espirito vai levar. Ser Especial é poder viver uma paixão assim.
Adriana Rodrigues
São Paulo, 23 de janeiro de 2006
Olé!!!! Eternamente Marieta Buarque Severo de Holanda
Beatriz
Edu Lobo - Chico Buarque/1982
Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
OlhaSerá que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divinaA vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida
Marieta Severo não tem medo da vida nem da velhice
Separada depois de um casamento de 30 anos, que sobreviveu quando quase todos os da sua geração naufragavam, Marieta Severo se deparou com detalhes reais e imaginários de sua vida expostos na imprensa.
"Especulações, boatos, mentiras, fiquei indignada ao ver isso acontecendo na minha vida", reagiu.
"Nesses 33 anos de carreira nós nos acompanhamos - vocês, imprensa, nós, artistas - e, pelo nosso comportamento, Chico e eu achamos que todo mundo tinha compreendido e íamos ter o respeito e a delicadeza com que estávamos tratando das nossas coisas, mas viraram o balde."
Chico e Marieta também não acreditaram quando leram o texto racista de um jornal de Goiás, escrita por um profissional negro, sobre o neto - filho de Helena (Lelé) e Carlinhos Brown.
Pais de Luíza, de 22 anos, Helena, de 27, e da atriz Sílvia, de 29, o casal que se uniu na ditadura se exilando na Itália e boicotando os veículos que boicotavam qualquer um deles, Marieta e Chico se uniram mais uma vez nessa guerra.
Desta vez, contra as intromissões na família, que continua a passar o Natal na casa da Gávea e o réveillon no apartamento de Paris. "Chico fez, faz e fará sempre parte da minha vida, não tem jeito, ninguém conhece a gente como um conhece o outro, a gente sempre estará inconscientemente um na vida do outro", diz.
Apaixonada por balé desde os espetáculos no Municipal com a avó Marieta, ela se casou há 30 anos - sem papel - com o estudante de arquitetura Francisco, depois de um casamento relâmpago com o artista plástico Carlos Vergara.
Ali, como na história daquele baile na peça A Dona da História, de João Falcão, o destino foi traçado.
"Mas Chico continua arquiteto, o que mais vi foi o Chico fazer mapas de cidades imaginárias."
A casa onde ela mora na Gávea, madeira encravada no verde, foi traçada por Chico.
"Estamos fazendo uma casa em Petrópolis e tem o dedo dele; não adianta, o Chico tem cabeça de arquiteto."
"A gente continua, tem um nó que a gente não consegue abandonar", ela afirma.
Chico está num apartamento no Jardim Botânico, arrumado em parte por Marieta. Ela só teme novas correlações nos discos novos de Chico. "Por mais que eu tenha estudado balé e quisesse seguir carreira, a música que fala `ele é funcionário, ela é bailarina' não tinha a ver conosco", avisa.
"Beatriz, uma das músicas do Chico que eu mais adoro (`será que é pintura/ O rosto da atriz/... E se eu pudesse entrar na sua vida'), não foi feita para mim", informa.
"Vi o Chico rindo várias vezes com a leitura ao pé da letra que faziam das músicas dele; o processo de criação passa por outro caminho, a gente às vezes fala de dor-de-cotovelo no momento em que está muito bem na vida, essas interpretações são risíveis."
Marieta não tem medo nem da vida nem dos papéis que começam a rarear no mundo todo para mulheres com mais de 50. "Mas no Brasil é pior, ser jovem é uma qualidade em si, eu me pergunto como essa gente vai envelhecer." E lembra: "Outro dia vi uma atriz muito cuidadosa com o seu corpo dizer que só ia ser atriz até os 40 anos; uau!, mas é depois que começa a ficar bom."
Couraças - Atônita com a supervalorização do personal trainner na formação dos atores brasileiros, ela cita Klauss Vianna, o mago do corpo, que morreu há dez anos e passou a vida ensinado atrizes e bailarinas a tomar consciência dos próprios movimentos. "Ator tem de ter o corpo maleável para passar sensações, emoções, a musculatura deve estar trabalhada para filtrar isso, mas, meu Deus, os atores estão virando couraças."
Ela se lembra de como se comoveu ao assistir a um dos últimos filmes de Katharine Hepburn. "Tinha mal de Parkinson, estava tremendo, mas atuava com tamanha dignidade que era um recado de quem, para o bem e para o mal, se propôs a exercer o ofício até o fim." Isso, para Marieta, é ser atriz.
No Brasil, onde há a ditadura da glamourização, ela sentiu um alívio ao interpretar a peluda Carlota Joaquina. "A diretora, Carla Camurati, falava, `chega de bigode, Marieta, você já está parecendo o Pepe Legal', mas eu exagerava ainda mais", ressalta. "Esses papéis me confortam, a feiúra no palco nunca me assustou, ser glamourosa é que requer um esforço excepcional."
Imposições - Ela se espanta com as imposições da televisão. "Antes de dizer, `nossa, como o personagem está bem', as pessoas devem dizer nossa, como seu cabelo está bem', e então você sabe que foi aceita." Ela sabe que televisão vive de imagem e precisa desse consumo. "São pessoas que surgem e desaparecem, enfeitam novelas e evaporam, mas se não tiver uma Fernanda, um Fagundes, uma Suzana Vieira, uma Regina Duarte, ninguém segura uma novela, não."
Marieta lembra-se do tempo em que viveu um estranho personagem, o Rato, na fase cubana de Glória Magadan na novela O Sheik de Agadir. "Tinha de tudo, espião da Gestapo, soldados da Legião Estrangeira, odaliscas na restinga de Marambaia, mas nada igual ao terremoto que ocorreu na minha cara quando Janete Clair precisou eliminar todo o elenco em Anastácia, a Mulher sem Destino."
Era Leila Diniz, melhor amiga de Marieta com quem ela chegou a dividir apartamento e de quem mais tarde, depois da sua morte, "adotou" a filha Janaína.
"Depois do terremoto é que a Anastácia ficou sem destino mesmo", ela brinca. Era uma fase em que as novelas eram completamente fora da realidade brasileira. "Eu cheguei a ser apedrejada na rua como Rato, mas hoje o público está muito treinado, os artistas têm muito mais opções de sobrevivência, daí o meu espanto."
Marieta é de uma geração em que o público não sabia onde os atores moravam, como eram suas casas, qual a marca de seus carros e o nome das amantes - passadas e futuras. "Hoje, tudo dá status e acho que por isso invadiram minha vida com tanta naturalidade", desabafa.
E acrescenta: "Nunca soube onde morava a Helena Ignez - que era uma grande atriz, mulher do Gláuber, a quem eu substituí em Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, nem a marca do carro do Vianinha (Oduvaldo Viana Filho), que, provavelmente, andava de ônibus." "Sinto-me um dinossauro."
Hoje, a construção de um ator faz- se de outra maneira. "Antes de completar aqueles anos essenciais de formação, já quer ter uma cobertura na Barra e exibir a marca do carro; é um marketing montado em cima de um sucesso material, apenas."
Futuro - Mãe de uma jovem atriz, Silvinha, que está trabalhando com Gabriel Vilela, ela viu crescer uma geração de filhos de atores. "Nandinha, Tarcisinho, Gabriela Duarte, há um olho em cima deles que não teriam se não fossem filhos de quem são, isso deve atrapalhar ao mesmo tempo em que dá projeção; então o negócio é ter calma, investir no talento e não embarcar nessa canoa." Outro dia, Marieta soube de um jovem ator que não aceitou um papel na novela porque ia perder o cachê como apresentador de baile de debutante, mais rentável. "Fiquei pensando: `Ele é um ator? Não, isso é uma história paralela que inventaram por aí.'"
Cada vez ela olha o futuro da arte brasileira com mais temor. "Que escola o ator brasileiro tem? E qual a escola dos atores lá fora?", pergunta. Marieta estremece quando ouve um ator falar dos seus objetivos - o personal trainner em primeiro lugar, o apartamento em segundo e o carro em terceiro. "A realidade do ator não é essa."
Marieta Severo, sem querer, compara. "Bons atores devem perseguir a verdade, correr atrás dela e não de um personal trainner." Para ela, esse é o nosso panorama pasteurizado, consumista, competitivo. "Não interessa quem voou para que lado, interessa o vôo que cada um pode ter e explorar isso ao máximo."
"O caminho está dentro de cada um, mas é aí que os terrenos se misturam." Deve ser isso que põe o ator brasileiro na novela da tevê e no anúncio do intervalo, veiculando a peça ou o disco com as músicas da novela que paga pouco, mas torna possível esse rodízio espetacular e cada vez mais rápido. "Só fiz propaganda duas vezes", ela lembra.
Marieta bebeu comédia na chanchada brasileira. "Oscarito, Eliane, Zezé Macedo, quem se lembra deles hoje em dia?", pergunta. "Essa linha fazia parte do meu imaginário, brasileiro tem muito humor: Procópio Ferreira, Dulcina de Moraes, Manuel Pêra, Fregolente, Grande Otelo tinham grande humor, Fernanda Montenegro é uma palhaça quando quer, Marília Pêra, Regina Casé, Claudia Jimenez - o ator brasileiro lida com humor e, de repente, não é nada disso que importa."
Ela insiste na mesma tecla com os amigos. Marieta tem sentido de missão. "Sempre tive jeito com criança, queria ser normalista; no colégio sempre chamavam a Marietinha para contar histórias." Que histórias ela contava? "Sangrentas, eu sabia que agradava, lembro-me da cara aterrorizada das crianças, fascinadas."
Sangue das histórias - A carreira trocou de rumo quando o Instituto de Educação mudou para a Lagoa, em frente do Tablado. "Aí atravessei a rua e mudei a história." No fundo ela sabe que quando contava histórias de terror para as crianças já era atriz. "Adorava essa relação com a platéia, a sensação de estar dominando as crianças, a quantidade de sangue das histórias era proporcional a esse poder." Esse domínio fica claro em A Dona da História.
"Na época de No Natal a Gente Vem te Buscar, peguei um álbum da minha mãe que desmontei e remontei; fui recuperando minha imagem, meu arsenal para entrar no palco." O arsenal foi construído também com ajuda da psicanálise. "Durante uns 15 anos, na nossa época a gente buscava as respostas dentro da gente, estava muito interessada em mudar o mundo, a começar por nós mesmos."
Primeiro fez análise com Carlos Byington, pai da cantora Olívia, depois com Arnaldo Fraga Dias, que se matou no consultório, na véspera da sua consulta. "Cheguei, toquei a campainha e nada, então o dono da confecção ao lado me avisou; saí de lá correndo, ninguém ia convidar-me para o enterro", recorda ela.
"Busquei refúgio na casa de Nara Leão, psicóloga, minha comadre." Voltou para Byington até que ele se mudou para São Paulo. "Então estourei: `Vocês não são sérios, vocês morrem, se mudam, para mim, chega.'" Nunca mais fez análise.
Mas vai multiplicando seus personagens fora do divã. Ela descende de uma linhagem nobre da arte brasileira, aquela que nunca desiste, que passou a produzir as próprias peças para ter certeza de que montaria o que queria. Nunca descansa nem desliga - tomou quatro xícaras de café durante a entrevista.
Múltipla assim, ela só podia germinar múltiplos à sua volta. Madrinha de Francisco, filho de Nara; de Francisco, filho de Andréa Beltrão; avó de Francisco e mulher de Francisco Buarque por três décadas, Marieta suspira, brincando: "Acho que exageraram: não é muito Chico para uma vida só, não?"
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Existe uma Mulher de Holanda dentro de nós....
Mar e lua
Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Á vida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia e à beira-mar
Chico Buarque
Compositor, intérprete, poeta e escritor, Chico Buarque é hoje uma referência obrigatória em qualquer citação à música brasileira dos anos 60 pra cá. Sua influência é decisiva em praticamente tudo que aconteceu musicalmente no Brasil nos últimos 35 anos, pelo requinte melódico, harmônico e poético que suas obras apresentam. Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, morou em São Paulo, Rio e Roma durante a infância. Desde criança teve contato em casa com grande personalidades da cultura brasileira, como Vinícius de Moraes (que viria a se tornar seu parceiro), Baden Powell e Oscar Castro Neves, amigos dos pais ou da irmã mais velha, Miúcha, também cantora e violonista. Em 1964 começou a se apresentar em shows de colégios e festivais e no ano seguinte gravou pela RGE o primeiro compacto, com "Pedro Pedreiro" e "Sonho de um Carnaval". Desde então não parou mais de compor e se apresentar, participando de festivais internacionais de música, atuando no programa O Fino da Bossa, da TV Record. Ainda em 65, musicou o poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, que fez enorme sucesso no Brasil e na França, para onde excursionou, arrancando elogios até mesmo do poeta João Cabral, que admite só ter autorizado a utilização do poema por amizade ao pai de Chico. Com o Festival de Record de 1966 tornou-se conhecido no Brasil inteiro por sua música "A Banda", interpretada por Nara Leão, que conseguiu o primeiro lugar (empatada com "Disparada", de Geraldo Vandré e Theo de Barros). Sua participação em festivais foi definitiva para a consolidação de sua carreira. Fez sucesso com "Roda Viva", "Carolina" e "Sabiá", e defendeu ele mesmo suas músicas "Benvinda" e "Bom Tempo". Lançou LPs no fim da década de 60, fazendo shows na França e Itália, onde morou por aproximadamente um ano. De volta ao Brasil, fez música para cinema e gravou um de seus discos mais bem-sucedidos, "Construção". Várias de suas composições e peças de teatro tiveram problemas com a censura na época da ditadura militar, e chegou a usar o pseudônimo Julinho de Adelaide para assinar algumas de suas músicas, como "Acorda, Amor". No teatro, escreveu "Gota D’água" com Paulo Pontes, e a "Ópera do Malandro". Como escritor, lançou em 1991 o romance "Estorvo" e, quatro anos depois, "Benjamin". Depois disso voltou a dedicar-se à música, lançando "Paratodos" em 1993 e "as cidades" em 1999, ambos com amplas turnês pelo Brasil e exterior. Em 1998 foi enredo da Mangueira, que ganhou o desfile daquele ano.
"É o Chico das artes
o gênio, poeta Buarque,
Boêmio ."
Algumas das Mulheres de Holanda (trechos)
A História de Lily Braun- Edu Lobo - Chico Buarque
Nunca mais romance,nunca mais cinema,
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese ,
nunca uma espelunca ,uma rosa nunca,
Nunca mais feliz
A mais bonita-Chico Buarque
Não, solidão, hoje não quero me retocar ,nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas, deixo que as águas invadam meu rosto, gosto de me ver chorar, finjo que estão me vendo, eu preciso me mostrar ,Bonita, pra que os olhos do meu bem, não olhem mais ninguém
Acalanto para Helena- Chico Buarque/1971
Dorme minha pequena, não vale a pena despertar,
eu vou sair, por aí afora
Atrás da aurora, mais serena
Acorda Amor -Leonel Paiva - Julinho da Adelaide/1974
Acorda amor, eu tive um pesadelo agora,
sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição, era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura,
Chame, chame, chame lá, Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Ana de Amsterdam- Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra
Sou Ana de cabo a tenente, sou Ana de toda patente, das Índias
Sou Ana do Oriente, Ocidente, acidente, gelada, sou Ana, obrigada
Até amanhã, sou Ana, do cabo, do raso, do rabo, dos ratos
Sou Ana de Amsterdam
Bárbara- Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra
Bárbara: O meu destino é caminhar assim, desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua
Anna: Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva
As duas: Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar
Beatriz -Edu Lobo - Chico Buarque
Olha , será que é uma estrela
Será que é mentira, será que é comédia
Será que é divina, a vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida
Morena dos olhos d'água- Chico Buarque
O seu homem foi-se embora, prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena, de partir ou de voltar
Joana francesa - Chico Buarque/1973
Para o filme Joana Francesa de Cacá Diegues
Geme de loucura e de torpor,
já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir,
fala-me de amor
Sei de longe e sei de cor, geme de prazer e de pavor
Já é madrugada, Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Tatuagem - Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra
Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas, mas no fundo gostas
Quando a noite vem ,quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo, em carne viva
Você vai me seguir- Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Você vai me seguir,
aonde quer que eu vá
Você vai me servir, você vai se curvar
Você vai resistir, mas vai se acostumar
Você vai me agredir, você vai me adorar
Você vai me sorrir, você vai se enfeitar
E vem me seduzir, me possuir, me infernizar
Você vai me trair.
Outras Mulheres de Hollanda
As composições de Chico Buarque de Holanda, diz muito sobre como a mulher lida com o desejo, como expõe seus sentimentos e afetos e como se vê como companheira e amante. É possível fazer um catálogo de descrições de comportamentos apenas com trechos das letras de Chico Buarque.
Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frenteEstá me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar
Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ver o astronautaDescer na televisão
(Essa moça tá diferente)
A moça deste samba é independente, em estado puro parece não ser exatamente a especialidade de Chico.
Seis da tarde, como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca prá beijar
E me beija com a boca de paixão
(Cotidiano)
O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai
(O meu amor)
Sensualidade, previsibilidade e receptividade são características da expressão afetiva dessa mulher .
A metade do seu olhar está chamando prá luta aflita
E a metade quer madrugar na bodeguita
Se seus olhos eu for cantar, um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar toda a pintura
Ela pode rodopiar e mudar de figura,
A paloma do seu mirar virar miúra
(Tanto Amar)
A santa, às vezes troca meu nome, e some,
E some, nas altas da madrugada
A rosa, garante que é sempre minha
Quietinha, saiu pra comprar cigarro
Que sarro, trouxe umas coisas do norte,
Que sorte, voltou toda sorridente
Demente, inventa cada carícia,
Egípcia, me encontra e me vira a cara
Odara, gravou meu nome na blusa
Me acusa, me acusa, revista os bolsos da calça
A falsa, limpou a minha carteira
Maneira, pagou a nossa despesa
Beleza, na hora do bom que se queixa, me deixa,
A gueixa, que coisa mais amorosa, a rosa
(A rosa)
Essas estrofes define mulheres que mudam de humor e de interesse como muda o vento; que expressam um afeto dual, onde o componente mental da curiosidade jamais deixa que a paixão predomine completamente. São muitas mulheres numa só. Como Chico Buarque tem Vênus e Lua em Gêmeos, esta é uma dimensão do feminino que ele sabe cantar muito bem.
Carolina,
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor,
O amor que já não existe.
Eu bem que avisei, vai acabar,
De tudo lhe dei para aceitar,
Mil versos cantei pra lhe agradar,
Agora não sei como explicar...
Lá fora, amor!
Uma rosa morreu,
Uma festa acabou,
Nosso barco partiu...
Eu bem que mostrei a ela,
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu.
(Carolina)
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado, cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para praça e começaram a se abraçar(Valsinha)
Chico tem um caminhão de músicas que cantam a delicadeza de sentimentos da mulher lunar - aquela que imagina mais do que faz, ou que, de tanto imaginar, não vive. Aquela que se guarda, que se protege, que muitas vezes perde o momento, imersa em nostalgias fantasmagóricas. não é difícil imaginar Carolina como uma moça de grandes olhos aguados - marca registrada da Lua - enquanto o tempo implacavelmente passa na janela.
Cantei, cantei
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis,
Bêbados e febris
A se rasgar por mim.
(Bastidores)
Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás.
Arranca, vida, estufa, veia,
E pulsa, pulsa, pulsa, pulsa, pulsa,Pulsa mais.
(Vida)
Era previsível que, em algum momento, Chico cantasse a mulher cuja feminilidade (Vênus) se exteriorizasse de forma solar. Provavelmente, toda mulher com Vênus em Leão guarda dentro de si uma prima donna e sonha - mesmo que não ouse assumi-lo - com homens "bêbados e febris" a se rasgar por ela.
Todo dia ela faz tudo sempre igua
lMe sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café
(Cotidiano)
Cotidiano descreve cabalmente o comportamento da mulher dona de casa , o ambiente e as situações são bem terráqueos - Em vez de um palco, ela precisa de um espaço de produção, uma rotina na qual possa movimentar-se à vontade e manifestar sua perícia e precisão. O "sorriso pontual", a "boca de hortelã" e o afeto que se expressa por pequenos gestos utilitários são atributos dessa mulher .
E eu te farei as vontades,direi meias verdades
Sempre à meia luz,
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis.
(Folhetim)
Minha solidão se sente acompanhada,
por isso às vezes sei que necessito
Teu colo, teu colo, eternamente, teu colo
Quando te vi eu bem que estava certo de que me sentiria descoberto
A minha pele vai despindo aos poucos, me abres o peito quando me acumulas
De amores, de amores, eternamente, de amores
Se alguma vez me sinto derrotado eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste, olho teu rosto e digo à ventania
Ionlanda, Iolanda, eternamente, Iolanda
(Iolanda)
Chega a ser decepcionante, mas, entre centenas de letras, Chico não tem uma única que expresse de forma inequívoca o comportamento feminino . Aqui e ali, porém, flagramos comportamentos ou toques , como a disposição para a adulação e a lisonja da mulher de Folhetim, capaz de fazer seu parceiro pensar que é o maior e que a possui ( é especialista em agregar e jogar com a força do outro). Já a belíssima canção Iolanda , descreve a mulher que tem de capacidade de ser companheira e de dar suporte afetivo real. Iolanda é uma idealização do feminino.
O que será que será
Que dá dentro da gente, que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
(O que será)
O princípio feminino não precisa ser doce nem diplomático. Tem asperezas, tem arestas, tem pulsões que jamais aliviam. Os versos de O que será, descrevem de forma lapidar toda a diabólica agonia de um aspecto tenso.
Morena de Angola que leva
O chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho
Ou o chocalho é que mexe com ela.
Será que ela tá na cozinha
Guisando a galinha à cabidela
Será que esqueceu da galinha
E ficou batucando na panela
Será que no meio da mata
Na moita a morena inda chocalha
Será que ela não fica afoita
Pra dançar na chama da batalha.
(Morena de Angola)
Se nós,
nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
(Eu te Amo)
Nas duas canções, dois momentos da alegre e extrovertida mulher , Chico também poderia ter cantado a filósofa, a mística, a moralista ou a ardente justiceira. Todas são personagens , mas a faceta que Chico parece preferir nestas canções é mesmo a mulher de alegria irreverente e desordeira, que tanto pode esquecer a galinha na panela quanto bagunçar o coração e a vida de alguém.
As jovens viúvas marcadas
e as gestantes abandonadas
não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem,
se conformam e se recolhem
Às suas novenas, serenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
(Mulheres de Atenas)
A letra inteira de Mulheres de Atenas é uma aula. Troque-se o título Mulheres de Atenas por Mulheres Conformadas - eis o retrato da orgulhosa contenção, da rígida consciência de limites, do sacrifício do prazer imediato em nome de algo maior: o dever, o status, a reputação, as necessidades do Estado. Verbos encolher-se, conformar-se, recolher-se e secar.
Acontece que a donzela
E isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e cobre
Preferia amar com os bichos
(Geni e o Zepelim)
Geni nem é exatamente uma mulher (trata-se do homossexual de Ópera do Malandro), mas esta estrofe expressa uma característica marcante , que é a insubmissão aos símbolos ostensivos de status e poder. Esse ser pensa com a própria cabeça - custe o que custar.
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
(Geni e o Zepelim)
Na mesma Geni e o Zepelim é possível vislumbrar outras características, agora definindo a mulher com a disposição sacrificial ou com a baixa capacidade de discriminação afetiva ,em aspecto tenso. Os versos apresentam uma sucessão impressionante de imagens : detentos, lazarentos, internato, velhinhos sem saúde, poço de bondade... Um inventário digno de figurar em qualquer manual , aqui a Geni é uma prostituta de bom coração.
Palavra de mulher Chico Buarque/1985
Para o filme Ópera do malandro, de Ruy Guerra
Vou voltar
Haja o que houver, eu vou voltar
Já te deixei jurando nunca mais olhar pra trás
Palavra de mulher, eu vou voltar
Posso até
Sair de bar em bar, falar besteira
E me enganar
Com qualquer um deitarA noite inteira
Eu vou te amar
Vou chegar
A qualquer hora ao meu lugar
E se uma outra pretendia um dia te roubar
Dispensa essa vadia
Eu vou voltar
Vou subir
A nossa escada, a escada, a escada, a escada
Meu amor, eu vou partir
De novo e sempre, feito viciada
Eu vou voltar
Pode ser
Que a nossa história
Seja mais uma quimera
E pode o nosso teto, a Lapa, o Rio desabar
Pode ser
Que passe o nosso tempo
Como qualquer primavera.
EsperaMe espera
Eu vou
" Um Rei que grita por nós".
Olé!!! Chico Buarque de Holanda.
"Chico Buarque de Holanda, não existe, é uma ficção, inventado porque necessário, vital sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção...... "
Ruy Guerra
Tudo à Flor do Coração em Carne viva.
Homens , são como dizia alguém, seres estranhos, ouvem Chopin , recitam Camões, encantam-se com as estrelas e depois se matam !!!!
Claro, que consegui excluir desta " Categoria" dois seres especiais, "Artistas", ... De mundos diferentes, mas que com muita sofisticação misturada com simplicidade, passado e presente, acabaram com a Ditadura do Certinho, sentindo como uma " Mulher", ambos com sua arte ousada , gritaram as emoções femininas, sempre tão escondidas dentro de nossas Almas, nossos mistérios e segredos mais íntimos , eles conseguiram perceber o brilho perigoso de um olhar feminino, onde se reflete nossa própria alma.
Esses dois Homens com sua arte e sensibilidade à flor da Pele do Coração, muitos em carne viva, deram um pontapé no falso pudor imposto à nós mulheres .
Gênios.... Eles entendem a alma feminina e sabem sentir como uma mulher .
Coisa difícil aos comuns mortais, sempre tão ligados a matéria , aos deveres, sempre a olhar para baixo em direção ao seu próprio umbigo, homens que não sonham com as estrelas, não tentam olhar além do arco-íris, que pena, pois é lá que se encontra o Nirvana... Alguns chegam tão perto e o perdem, porque se detém em atalhos sem brilho próprio ... Ou com brilho enganoso!.
Não permitem que a música toque até o final, não perdem tempo de perder-se em alguém , por medo de perder-se de si mesmo.
É um pecado, algumas almas humanas embranquecem e se deixam murchar.
Como alguém pode perder um amor, da mesma forma que o ganhou?
Quando se inicia uma relação, o ser humano dá o melhor de si mesmo, depois, não sei bem o porquê, ele estaciona, se acomoda e vai se esquecendo das palavras doces, dos carinhos, das surpresas. E deixa a relação cair na mesmice, no lugar comum. Aquele mesmo lugar do qual estava enjoado.
Coisinha complicada o ser humano!
"Exupéry" é que estava certo... " É o tempo que perdemos com alguém, que torna esse alguém importante para nossa vida ! Não se pode amar alguém sem perder tempo com ele.
Stop!!! Voltando ao tema principal, ou a essa singela e simples tentativa de homenagem que estou tentando fazer a esses dois " REIS", ainda bem que posso dizer a importância desse dois Super-homens em minha vida agora, enquanto eles estão VIVOS, e quem nunca se encantou por suas obras ainda terá tempo suficiente para faze-lo caso se interesse, porque normalmente as pessoas só reconhecem os " Grandes Artistas" depois de Mortos, parece ser mais fácil, sei lá? Pode ser pq a mídia colabore contando suas estórias durante seus funerais , ou aniversários de mortes, coisas do tipo.
Estou falando de gente ENCARNADA.... E com muita estória para contar, pq nessa trajetória eles já são " IMORTAIS", um nasceu no Brasil e o outro na Argélia, ambos tem muito em comum, pois sabem sentir como uma mulher, Um fez definitivamente seu nome em Paris e o outro também se refugia muitas vezes em Paris, onde compôs e compõe grande parte de sua obra.
Apesar de detestar uma certa francesa , Paris não tem nada com isso. (É um problema particular meu )....
Voltando ao que interessa.
Esses dois seres são especiais e privilegiados porque enxergam com olhos que vêem por dentro, além das aparências, além do visível!
São os Fortes!!!!
Meus grandes ídolos e fonte de inspiração.
Ambos gritam por nós " MULHERES", um em forma de canções onde descreve e revela nossos segredos, medos, dores, vários tipos de amores, frustrações, inseguranças, pudores e falsos pudores, mágoas, raivas, tudo que vive trancado com quinhentas chaves dentro das " Almas Femininas".
O outro compensou em suas maravilhosas Criações, todos esses sentimentos complicados descritos anteriormente, cobrindo corpos Femininos, com roupas exuberantes, onde para ele o muito ainda era muito pouco, sua missão era elevar a auto-estima feminina, transformando suas Mulheres em Rainhas, mesmo que por uma noite.
Ambos conseguem sentir como cada uma de nós, eles nos enxergam por dentro, sabem de nossas emoções e que por elas somos movidas, entende que o amor comanda tudo, isso pode ser positivo ou negativo... Dependendo da estrutura psicológica de cada Mulher.
Quem são eles???????
Chico Buarque de Holanda & Yves Saint-Laurent ...
Falarei deles muitas vezes.....
Beijos
Adry
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